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terça-feira, 23 de abril de 2013

FAMÍLIA FREIRE RESGATA PIANO NO RIO DE JANEIRO



Da esquerda para a direita: Cita, Carminha, Zuila, Tadeu e Tarciso
Remanescente da Família Freire

O RESGATE DO PIANO EXCELSUS.
Tadeu Freire, economista e "pianeiro".

O músico e construtor de pianos Roque Ribeiro Freire, nasceu em 1911 em Pedras de Fogo - PB, de onde partiu aos dezessete anos para o Rio de Janeiro, com o propósito de trabalhar e estudar música, sua paixão. Com treze anos de idade, executava com maestria o bandolim, e chegando ao Rio, alistou-se no exército, porquanto ali poderia ter renda e chances para estudar música, tocando saxofone e clarinete.
Contudo, seu grande entusiasmo era pelo piano, instrumento que estudou particularmente, e obteve graduação máxima e primeiríssimo lugar da Ordem dos Músicos do Brasil.
Ainda no Exército, já tocava em grandes casas noturnas, hotéis e até animando musicalmente ao piano filmes ainda mudos. Tão envolvido com compromissos musicais interessantes, pediu baixa ao Exército aos 36 anos de idade.
Com vasto conhecimento no mundo musical carioca, abriu várias oficinas de consertos de pianos, onde também negociava instrumentos usados. E mesmo nas casas em que moramos no Rio, eram muitos os pianos então negociados. Minha mãe lembra que certa vez eram 20 instrumentos de marcas diversas.
Após alguns anos, de tanto tocar piano e reformá-los, fez nascer à fábrica de pianos EXCELSUS. Ao longo de uma década, construiu mais de duas centenas de pianos tipo vertical, chegando a inovar no tamanho e aparência, com duas cores, certamente adequando-os à nova realidade dos apartamentos, que não se adequavam aos modelos grandes, pesados e de desenho antigo.
Por muito tempo O EXCELSUS teve grande aceitação, sendo artigo sempre exposto nas vitrines do “Rei da Voz”, grande magazine carioca, recebendo aprovação de expressivos músicos da época. Jaques Klein, considerado então o maior pianista clássico no País, elegeu o EXCELSUS como o melhor piano armário do Brasil.
Para muitos músicos, despertava admiração à performance do pianista Roque, o que não era comum aos construtores e consertadores do instrumento.
Até mesmo o Presidente da República Juscelino Kubistchek, certa vez recebeu-o no Palácio para que ele participasse do aniversário do Presidente, que pediu que fosse executado um dobrado que havia sido composto e presenteado pelo meu pai àquele Chefe da Nação. Anos depois, Juscelino mandou localizar o Roque no Rio e levou-o na grande comitiva que inauguraria a Capital Federal, Brasília. Logo, viveu bons momentos, fruto da sua competência na execução musical, no fabrico e inovação de pianos.
Contudo, ainda nos anos 60, com o evento da televisão e outras modernidades, o usual costume dos pianos nos lares brasileiros foi se extinguindo, resultando numa grande oferta de pianos à venda, em detrimento da compra de novos. E não só a marca EXCELSUS teve prejuízos, tanto que hoje praticamente não restam fábricas genuinamente brasileiras no mercado.
Ademais, o surgimento dos pianos elétricos e posteriormente dos sofisticados sintetizadores, inibiram a comercialização dos pianos acústicos face à praticidade de remoção, dispensa de afinação e até recursos de informática. Também nos anos 60, o Governo Federal retirou a obrigatoriedade das aulas de música no ensino fundamental.
E assim, toda a história do construtor Roque foi à lona, razão pela qual, desgostoso, retornou ao Nordeste, 40 nos depois, trazendo sua mulher Zezinha Freire, hoje com 97 anos e muito lúcida, e cinco filhos: Tadeu, Zuila, Cita, Tarcísio e Carminha. Na condição de primogênito e com dezessete anos à época do encerramento do negócio, participei de todas as dificuldades e naturais prejuízos financeiros.  A tristeza do Roque, com tudo que aconteceu, não o animou a ficar com pelo menos um exemplar do EXCELSUS.
Finalmente, depois de anos de busca, localizei no Rio de Janeiro um piano EXCELSUS muito conservado!  Compramos e o removemos para Recife, ficando agora sob minha guarda com o acordo dos irmãos. E ainda que não tenha estudado música, toco de ouvido (pianeiro, é o nome que se dá), isto porquanto também pratico violão, e por conhecer bem seu braço, trouxe para o piano os acordes e outras dicas mais.
O piano EXCELSUS resgatado encontrava-se no Centro Cultural ArtiPura, na Tijuca, e sua diretora, a Professora Bet Santos, ficou emocionada e contentíssima ao saber do destino desse exemplar, por conta da afeição e admiração que sempre teve pela sonoridade desse instrumento, cabendo ressaltar sua presteza, facilitando a negociação e o embarque do instrumento para Recife.
Enfim, toda a família Freire está felicíssima com o resgate do piano EXCELSUS – já afinado pelas mãos do especialista Chico - e revivendo os tempos então vividos entre Rio de Janeiro e Petrópolis, cidade em que moramos por sete anos antes de virmos para Recife.
E por fim podemos gritar: SALVE ROQUE !


 Casa em Petrópolis-RJ, onde viveu a Família Freire

Um comentário:

  1. Eu tenho um Excelsus precisa de restaurar mas ainda sim com as cordas que ainda tem possui um som lindo. Se a família quiser fotos e conversas e só me procurar por email valdinete.sld@gmail.com

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